Introdução
O aquarismo é um hobby que encanta pessoas de todas as idades ao redor do mundo. Por mais que para muitos seja apenas um hobby, o aquarismo alçou voo para diferentes modalidades, e nisso diversos tipos de aquário foram criados. É claro que existem milhares de formas de aquário, e também dá pra misturar os tipos que direi aqui. A imaginação do aquarista não tem limites e, claro, tudo dentro do possível para oferecer os melhores parâmetros e o maior conforto possível ao peixe. O intuito desse post é apenas explorar um pouco mais os tipos de aquário que existem.
Classificação de acordo com o formato:
- Aquário redondo/globo: estes aquários já foram muito populares, e estão pouco a pouco perdendo espaço para os aquários retangulares. Já foram (e ainda são) muito usados para peixes betta e kinguios (peixes japoneses), mas não são adequados para tal, uma vez que apresentam pouquíssimo volume de água, não permitem aquecimento e filtragem viáveis e, além disso, a superfície curva do vidro distorce as imagens do exterior do aquário, o que pode lesionar os peixes. Entretanto, estes aquários podem ser empregados caso sejam tomadas algumas providências pelo aquarista. É essencial que hajam plantas para que o animal possa se esconder, e essas ainda auxiliam na filtragem da água. É ideal que o aquário tenha pelo menos cinco litros de água. Por ser um ambiente de pouco volume e sem filtragem, é bom fazer trocas parciais de água (TPAs) de 25% semanalmente. Quanto à fauna, é possível sim manter um betta em aquários desse tipo, eles viverão melhor do que naqueles potinhos que ficam em pet shops. Kinguios em aquário de globo, nem pensar! Esses peixinhos crescem muito, e o aquário ficará desproporcional ao tamanho do peixe, limitando seu desenvolvimento. Uma outra opção para esse tipo de aquário são crustáceos e moluscos, tais como pequenos camarões ou caranguejos de rio, além de caramujos diversos. Nesse caso, é importante observar bem os parâmetros da água para que os animais vivam bem e, no caso dos moluscos, se atentar para que os mesmos não fujam, uma vez que esses aquários não possuem tampas normalmente. Uma outra opção é manter esses aquários apenas com plantas, ou até mesmo fazer um terrário.
Aquário globo de 4 L de Humberto Hepp, publicado no aquahobby.com.
- Aquário retangular: aqui está inclusa uma ampla variedade de aquários, desde as minúsculas betteiras até os gigantes aquários jumbo. São os aquários mais comuns, e também os mais adequados para o aquarismo. Permitem que seja facilmente acoplado ao recipiente um sistema de filtragem, aquecimento, oxigenação, e tudo o que mais for necessário para o bem-estar dos peixes e das plantas. O aquarista deve se atentar à litragem, calculando-a com base nas dimensões do vidro, e ao móvel que sustentará o aquário.
Aquário cubo de 64 L de Samuel Guimarães, publicado no aquahobby.com.
- Outros formatos: além dos retangulares e dos globos, existe uma infinidade de outros tipos de aquário que podem ser criados. Aquários de base hexagonal, pentagonal, triangular, redonda, do jeito que der para fazer. Esses aquários atípicos podem ter padrões estéticos bem interessantes, além de serem exóticos. É importante apenas que o formato não atrapalhe a instalação dos equipamentos necessários para a manutenção do aquário.
Aquário hexagonal de 132 L de Brenda Walhovd, publicado em aquahobby.com.
Classificação de acordo com a quantidade de água:
- Aquário: bem, não tem muito o que se dizer sobre esse tipo de montagem. É o aquário comum, totalmente cheio de água, com plantas, animais e os demais constituintes da decoração.
Aquário de 100 L de Gianmarco Bertaccini, publicado em aquahobby.com.
- Aquaterrário/paludário: essas montagens dispõem de uma área submersa e uma área emersa, sendo que a área emersa pode ser feita com auxílio do próprio substrato, troncos, pedras ou até mesmo com o vidro, como se faz em aquaterrários para tartarugas. A vantagem desse tipo de montagem é que permite a existência de plantas e animais terrestres e aquáticos no mesmo ambiente. Assim, permite-se uma maior variedade de espécies, tais como anfíbios, répteis, insetos e crustáceos. Por se tratar de um ambiente aberto, é necessário repor a água com mais frequência, devido a evaporação. Além disso, a filtragem/oxigenação deve ser feita por meio de cascatas, filtro biológico de fundo ou até mesmo somente pelas plantas.
Nano-paludário de 44 L de Rony Suzuki, publicado em aquahobby.com.
- Ripário: é um tipo de montagem em que as plantas têm suas raízes submersas e o restante do corpo fora da água. É mais adequado para fauna aquática, embora alguns animais consigam se adaptar a esse sistema, como moluscos. Tem características intermediárias entre um aquário e um paludário.
Ripário de 360 L de Paola Césari, publicado em aquaonline.com.br.
- Terrário: não se trata teoricamente de um aquário, mas também será abordado aqui. Nesse tipo de montagem, todos os elementos são colocados em um ambiente seco ou levemente úmido. Em alguns casos, é até possível manter um ecossistema fechado, sem a necessidade de adicionar água. Répteis, alguns crustáceos, insetos e até mesmo alguns roedores podem ser mantidos nesse tipo de montagem.
Mini-terrário de 8 L de Alam D'Ávila, publicado em aquaonline.com.br.
Classificação de acordo com o tamanho:
É importante ressaltar que a classificação neste caso é puramente subjetiva, não havendo uma lei que diga se tal aquário é um nano ou um mini. De modo geral, usarei as medidas mais comumente disseminadas pela internet.
- Aquário palmtop: este é o menor tipo de aquário que pode existir. Na verdade, só vi esse termo uma única vez, enquanto visualizava as postagens do "aquário do mês" no AquaHobby. É uma montagem que literalmente cabe na palma da mão. Obviamente não é adequado manter nenhum animal dentro desses aquários, sendo destinados exclusivamente às plantas.
Aquário palmtop de 100 mL de Rony Suzuki, publicado em aquahobby.com.
- Pico-aquário: são pequeníssimos aquários, de até 5 L. Aqui entram a maioria das betteiras e alguns globos. Não são ideais para manter peixes de forma saudável, embora alguns o façam. É possível também montar pico-aquários de camarões, se atentando de forma muito minunciosa aos parâmetros da água, ou para pequenos insetos. No mais, seriam opções mais adequadas para se manter apenas plantas aquáticas, ou para se ter como um aquário-hospital de emergência.
Pico-aquário de 1,3 L de Marcos Vinícios Conte, publicado em aquaonline.com.br.
- Nano-aquário: aqui estão os aquários entre 5 e 15 L, podendo incluir globos e aquários retangulares. Esses aquários já permitem que animais sejam adicionados, entre eles alguns pequenos peixes, crustáceos, moluscos e insetos. É um aquário em que é possível manter um betta macho. Pelo pequeno volume de água, assim como dos aquários anteriores e dos próximos (micro e mini), devem ter os parâmetros muito bem monitorizados, com TPAs constantes. Por suas pequenas dimensões, a filtragem pode ficar comprometida, uma vez que a instalação de um hang-on por exemplo movimentaria muito a água; é mais adequado usar um filtro biológico de fundo.
Nano-aquário de 12 L de Maurício Chagas, publicado em aquahobby.com.
- Micro-aquário: são aquários entre 15 a 25 L de água, que já permitem maiores opções de filtragem. Podem abrigar pequenos animais, desde que não se ultrapasse a quantidade máxima, evitando a superpopulação e o stress aos animais. Quando bem cuidados, podem permitir que os peixes vivam de forma saudável.
Micro-aquário de 20 L de Andrea Penna, publicado em aquahobby.com.
- Mini-aquário: aqui entram os aquários entre 25 e 50 L, que são bastante semelhantes aos micro-aquários (na minha opinião, dá pra considerar os dois como uma mesma categoria).
Mini-aquário de 36 L de Márcio Silva, publicado em aquahobby.com.
- Aquários comuns: decidi colocar em uma mesma classificação os aquários pequenos, médios e grandes. O motivo disso é o fato de que esses aquários apresentam características semelhantes quanto à manutenção, permitindo que quase todos os tipos de peixe (pelo menos os mais populares no aquarismo) possam ser mantidos de forma satisfatória. É muito difícil definir se um aquário é pequeno ou grande, uma vez que esses termos são vagos e dependem muito da espécie a ser mantida no aquário. Um aquário de 70 L pode ser relativamente grande para um betta, mas é pequeno para se manter um cardume de discos...
Aquário de 135 L de Bruno de Aro, publicado em aquahobby.com.
- Aquários jumbo: aqui estão aqueles aquários gigantes, com no mínimo 300 L. São normalmente dedicados às ditas espécies jumbo, que crescem mais do que 20 cm quando adultos. Assim como a litragem desse aquários é maior do que o comum, o sistema de filtragem também deve ser superdimensionado. Uma das vantagens de se ter este tipo de montagem é o fato de os parâmetros da água variarem menos em relação a aquários menores. Por conta das peculiaridades desse tipo de aquário, surgiu o termo "aquarismo jumbo".
Aquário jumbo de 825 L de Gustavo Pollastrini, publicado em aquahobby.com.
Classificação de acordo com a fauna e a flora:
- Aquário comunitário: aquário que abriga peixes (e plantas, caso o aquarista desejar) variados, normalmente mesclando peixes de diferentes lugares do mundo. Algumas montagens incluem ainda invertebrados. Para esse tipo de aquário, é importante que todos os animais apresentem parâmetros de água semelhantes (pH e temperatura, principalmente) e que não sejam agressivos.
Aquário comunitário de 264 L de Paulo Pereira, publicado em aquahobby.com.
- Aquário biótopo: aquário que tem como intuito replicar fielmente um ambiente natural, sendo que essa réplica não inclui apenas a fauna e a flora, mas também a granulometria do substrato, os parâmetros exatos da água (pH, temperatura, dureza, etc.), a movimentação da água, a cor da água, a iluminação e até mesmo a altura da coluna de água. Para a montagem de um aquário desta modalidade, o aquarista deve estudar exaustivamente o bioma-alvo e tentar reproduzi-lo com a maior precisão possível.
Aquário biótopo do Rio Paraná de 65 L de Fabian Kussakawa, publicado em aquahobby.com.
- Aquário temático: trata-se de uma montagem muito similar ao aquário biótopo, embora menos restritiva. Consiste em um aquário inspirado em uma região, mas que não seja necessariamente uma réplica perfeita da mesma. Pode, inclusive, incluir espécies de outras regiões que apresentem exigências similares, mas sem perder o foco da região de base.
Aquário temático amazônico de 212 L de Eliseu Fernandes, publicado em aquahobby.com.
- Aquário monoespécie: como o nome sugere, nesse tipo de aquário apenas uma espécie de peixes está presente, podendo ser esse peixe solitário ou em cardumes. Alguns exemplos clássicos são os aquários de bettas ou de kinguios.
Aquário monoespécie de kinguios de 360 L de Vicente Ambrosio, publicado em aquahobby.com.
- Aquário plantado: são aquários em que se mantém uma flora junto aos animais, estando essa classificação em intersecção com várias outras. Para a manutenção destes aquários, é necessário substrato fértil, boa iluminação, injeção de CO2 e escolha de animais que não se alimentem das plantas presentes. Existe, porém, uma variante, denominada como plantados low-tech, os quais dispensam a injeção de CO2 e o uso de substrato fértil, uma vez que nestes só são cultivadas plantas menos exigentes. Muitas vezes se utilizam fertilizantes líquidos para garantir os nutrientes necessários às plantas.
Aquário plantado de 200 L de Tom Cross, publicado em aquahobby.com.
- Aquário de água salobra: estes aquários são dedicados a espécies que habitam regiões de água salobra, necessitando de uma quantidade moderada de sal na água para sobreviverem. Simulam manguezais, estuários e rios de água salobra. Suas desvantagens incluem principalmente o alto custo das espécies, a variedade reduzida das mesmas e a dificuldade de manter os níveis de salinidade adequados.
Paludário de água salobra de 100 L de Matt Hetzler, publicado em aquahobby.com.
- Aquário falso-marinho: são aquários de água doce que tentam mimetizar o ambiente marinho, por meio do emprego de rochas, corais mortos, conchas e areia. Como muitos desses materiais alcalinizam a água, tais montagens se encontram restritas a espécies de peixes que toleram pH mais elevado, tais como os ciclídeos africanos. Muitas vezes se emprega uma iluminação azulada para mimetizar ainda mais o ambiente marinho.
Aquário falso-marinho de 122 L de Francisco Ribeiro Júnior, publicado em aquahobby.com.
- Aquário marinho: trata-se de um aquário destinado a animais marinhos, dentre eles peixes e invertebrados diversos. Normalmente utilizam skimmers como sistema de filtragem e necessitam de parâmetros da água muito bem controlados. O intuito deste blog não é o aquarismo marinho, mas este tipo de aquário não poderia deixar de ser mencionado.
Aquário marinho de 300 L de Diogo Lopes, publicado em aquahobby.com.
Aquários com finalidades especiais:
- Aquário-maternidade: são aquários destinados à reprodução dos peixes. Estes aquários permitem a desova dos peixes, sendo que algumas espécies necessitam de, inclusive, parâmetros adequados para a fazerem. Além disso, esses aquários permitem que os alevinos cresçam sem serem atormentados ou devorados por peixes maiores.
- Aquário-hospital: aquários destinados ao tratamento de peixes doentes. Nestes aquários os peixes que se encontram doentes são isolados dos demais para que não haja contágio ou para que o tratamento aplicado no mesmo, seja por medicamentos ou alterações de temperatura, não tenha efeitos maléficos sobre os outros peixes. Recomenda-se que nesses aquários não haja substrato, plantas ou peças de decoração, para que as mesmas não se contaminem.
- Aquário de quarentena: estes aquários são indicados para se manter os peixes recém-adquiridos por um curto período de tempo, de modo a identificar se os mesmos possuem alguma doença e impedir que a mesma se espalhe para o aquário principal. Caso seja identificado algo de errado, o peixe pode ser tratado de imediato, uma vez que já se encontra isolado.
Muitas vezes esses três tipos de aquário são um só, que é mantido pelo aquarista como um aquário-extra, só sendo usado em caso de nascimento de novos filhotes, doenças ou aquisição de novos exemplares.